FAO organiza simpósio global para catalisar esforços para reduzir o esgotamento desse recurso não renovável, o solo
Cerca de 500 pessoas, de mais de 100 países, participaram, de 15 a 17 de maio, em Roma, do Simpósio Global sobre Erosão do Solo (GSER19). O evento foi promovido pela FAO/ONU, através da Global Soil Partnership (GSP) e se concentrou em catalisar os esforços para reduzir a erosão do solo, considerada uma das ameaças mais relevantes a esse recurso natural no nosso planeta.
A professora Lucia Helena Anjos (UFRRJ), que representa o Brasil e a SBCS no Intergovernmental Technical Panel on Soils (ITPS) participou do GSER19 e da décima sessão do ITPS, que ocorreu de 13 a 14 de maio. O ITPS é composto por 27 especialistas em solos que representam todas as regiões do mundo. A principal deste painel é fornecer aconselhamento científico e técnico e orientação sobre questões globais relacionadas ao tema solo para a Global Soil Partnership e atender às solicitações específicas apresentadas por instituições globais ou regionais. O ITPS defende a abordagem da gestão sustentável do solo nas diferentes agendas de desenvolvimento sustentável.
Erosão dos solos
Os fatores vento e chuva e também a agricultura mecanizada aceleram a erosão do solo e demanda a adoção de práticas e políticas para mitigar essa ação, antes que o mundo se depare com perdas calamitosas e irreversíveis em termos de produtividade agrícola e funções críticas do ecossistema.
“Os impactos negativos da erosão do solo são cada vez mais evidentes e a necessidade de trabalhar em conjunto cada vez mais urgente”, afirmou a diretora-geral adjunta da FAO para o Clima e Recursos Naturais, Maria Helena Semedo, durante a abertura do evento. “Temos soluções.Prevenir a erosão do solo através da educação, defesa e ações concretas no campo são a melhor maneira de manter solos saudáveis e ajudar a alcançar os objetivos de desenvolvimento sustentável”, disse ela.
A diretora também afirmou que, atualmente, o equivalente a um campo de futebol de solo é erodido a cada cinco segundos, e o planeta está em um caminho que pode levar à degradação de mais de 90% de todos os solos da Terra até 2050, disse Semedo. A erosão, desencadeada pela agricultura mecanizada intensiva, lavouras com monocultivo, pastoreio excessivo, expansão urbana, desmatamento e atividades industriais e de mineração, contribuem para acelerar a erosão do solo, o que pode resultar em perdas de produtividade de até 50%. “Como a fração carbono orgânico do solo é formada de partículas mais vulneráveis a serem removidas pela água ou pelo vento, a erosão também reduz o potencial do solo para mitigar e se adaptar às mudanças climáticas, desencadeando um “ciclo vicioso” no qual eventos climáticos extremos e erosão do solo se reforçam”, disse Semedo.

17 May 2019, Rome, Italy – Global Symposium on Soil Erosion – Atrium installation, FAO headquarters (Atrium).rrPhoto credit must be given: ©FAO/Giuseppe Carotenuto. Editorial use only. Copyright ©FAO.
GSER19
O GSER19 foi organizado ao redor de três temas chave que são interrelacionados: 1. Ferramentas e dados para avaliação da erosão do solo: criação, consolidação e harmonização; 2. Melhores práticas de controle da erosão identificadas nos últimos 20 anos e políticas para dar suporte a ações de redução da erosão induzida pelas atividades humanas; 3. Aspectos economicos da erosão do solo.
Entre os resultados esperados do simpósio estão: a produção de um mapa global de erosão do solo (GSERmap); a identificação de “hotspots globais”, visando ações prioritárias para o manejo do solo e controle da erosão; criar banco de dados sobre práticas efetivas de controle da erosão, de acordo com perspectivas regionais, e políticas para controle da erosão; e consenso sobre procedimento para realizar análises de custo-benefício de intervenções prospectivas para prevenir, remediar e mitigar a erosão do solo.
O Simpósio Global sobre a Erosão do Solo foi coorganizado pela FAO, a Parceria Global do Solo (GSP), o Painel Técnico Intergovernamental sobre Solos (ITPS), a Convenção da ONU para Combater a Desertificação e um programa conjunto dirigido pela FAO com a Associação Internacional de Energia Atômica para desenvolver usos para técnicas nucleares. para alimentação e agricultura. Durante o evento, a FAO lançou o livro “Soil erosion: the greatest challenge for sustainable soil management,. O livro, escrito pelo professor Dan Pennock (Canada’s University of Saskatchewan) faz um balanço do estado atual do conhecimento sobre a erosão do solo e afirma que foram publicadas mais pesquisas sobre o tema nos últimos três anos do que em todo o século XX.
Saiba mais em: http://www.fao.org/news/story/en/item/1194252/icode/