A ex-presidente da SBCS, Mariangela Hungria, da Embrapa Soja, tornou-se a primeira mulher brasileira a receber o World Food Prize, maior premiação internacional dedicada à ciência dos alimentos e da agricultura. O anúncio foi feito no dia 13 de maio, nos Estados Unidos, sede da fundação responsável pelo prêmio, criado em 1986 pelo agrônomo Norman B vencedor do Nobel da Paz e figura central da chamada Revolução Verde. Reconhecido como o “Nobel da Agricultura”, o World Food Prize homenageia anualmente personalidades que contribuíram para aumentar a qualidade, a quantidade ou a disponibilidade de alimentos no mundo.
Mariangela Hungria foi a primeira mulher a presidir a SBCS e exerceu o cargo entre 2001 e 2003, já tendo sido vice-presidente entre 1999/2001. Ela também é membro da Academia Brasileira de Ciências e vencedora das principais premiações da pesquisa agrícola no Brasil, entre elas, o Prêmio Antonio Carlos Moniz de Ciência do Solo, recebido durante o XXXVII Congresso Brasileiro de Ciência do Solo, em Cuiabá, MT, em 2019.
Com mais de quatro décadas de atuação, Mariangela Hungria é considerada uma das principais responsáveis por tornar o Brasil líder mundial no uso de insumos biológicos na agricultura. Seu trabalho viabilizou o uso de bactérias benéficas que interagem com o solo e as raízes das plantas, substituindo parcial ou totalmente o uso de fertilizantes químicos. A tecnologia, adotada em cerca de 40 milhões de hectares gerou uma economia anual estimada de 25 bilhões de dólares e evitou a emissão de mais de 230 milhões de toneladas de CO₂.
A pesquisadora também ajudou a levar essas soluções para culturas como feijão, milho, trigo e pastagens, ampliando o uso de inoculantes para além da soja. “Produzir mais com menos insumos, menos terra, menos esforço humano e menor impacto ambiental” tem sido o norte de sua carreira, segundo afirmou em comunicado oficial.
A fundação responsável pelo prêmio destacou que suas contribuições científicas “transformaram a sustentabilidade da agricultura na América do Sul” e que sua trajetória é exemplo de perseverança em defesa de uma produção de alimentos mais limpa e eficiente.