A Universidade de São Paulo (USP) inaugurou, no dia 6 de junho, o prédio do Núcleo Administrativo do CCARBON – Centro de Estudos de Carbono em Agricultura Tropical. A nova sede está localizada no campus Luiz de Queiroz, em Piracicaba, e consolida as atividades do Centro, que tem como missão desenvolver soluções e estratégias inovadoras em agricultura tropical sustentável baseada no carbono, com foco na mitigação das mudanças climáticas e na melhoria da qualidade de vida.

Coordenado pelo professor Carlos Eduardo Pellegrino Cerri, do Departamento de Ciência do Solo da Esalq/USP, o CCARBON é um dos nove centros ligados Reitoria da USP, e que conta com financiamento da Fapesp por meio do programa Centros de Pesquisa, Difusão e Inovação (Cepid) e de outras instituições públicas e privadas. O objetivo é atuar de forma transversal em diversos biomas brasileiros, promovendo práticas agrícolas de baixo carbono e ampliando o uso de tecnologias sustentáveis no campo.

“O grande desafio que temos hoje é continuar produzindo alimentos, fibras, energia, papel e celulose, conservando e restaurando os recursos naturais, com menor emissão de gases de efeito estufa e maior sequestro de carbono. Temos trabalhado fortemente em três frentes: pesquisa, disseminação do conhecimento e inovação tecnológica. É fundamental que os resultados saiam do papel e cheguem aos produtores, às áreas agrícolas, com escala. E o Brasil, com sua diversidade de biomas, é o local ideal para isso”, afirmou o professor Cerri durante a inauguração.

Ainda para o coordenador, o CCARBON/USP é relevante para o país à medida que vem gerando pesquisas, inovação e disseminando estratégias e iniciativas que contribuam para ações de adaptação e mitigação das mudanças climáticas com foco na agricultura, pecuária, silvicultura e conservação/restauração de vegetação nativa no Brasil.

Para atingir os objetivos do CCARBON/USP, as linhas de pesquisa estratégicas, multidisciplinares e inovadoras abrangerão cinco grandes áreas: solo, planta, animal, atmosfera e ferramentas digitais. O Centro também será inserido em um ecossistema de inovação para apoiar descobertas e novas tecnologias por meio de parcerias público-privadas institucionais. “Desenhamos múltiplas estratégias de disseminação ativa do conhecimento e as inovações, contribuindo para que agricultores e stakeholders adotem práticas mais sustentáveis, além de conscientizar a população sobre a temática e apoiar a elaboração de políticas públicas”, explicou o professor Cerri à SBCS.

Professores da esquerda para a direita (Pedro Brancalion – Diretor de Inovação CCARBON; Thais Vieira (Diretora da ESALQ); Carlos Cerri (Coordenador do CCARBON); Carlos Carlotti Junior (Reitor da USP) Maurício Cherubin (Vice Coordenador e Diretor de Pesquisa CCARBON) e Tiago Ferreira (Diretor de Disseminação CCARBON)

De acordo com o professor Cerri, o CCARBON/USP, juntamente com outras instituições públicas e privadas do Brasil vem trabalhando na construção de um sistema agropecuário cada vez mais aprimorado, que deve ser pautado na descarbonização, baseado na economia circular, e visar:

  • reduzir as emissões de gases de efeito estufa (GEE) e o descarte de resíduos;
  • aumentar o sequestro de carbono (C);
  • desenvolver novas culturas com maior biomassa e rendimento e mais resilientes às adversidades naturais;
  • melhorar as condições de vida do ser humano em termos de comunidades social e culturalmente diversas.

Avanços para a ciência do solo

Para o professor Maurício Cherubin, sócio da SBCS e que também está à frente do centro, os pesquisadores estão trabalhando intensivamente para que o CCARBON/USP se torne um centro de excelência mundial na temática de carbono na agricultura. “Contamos com mais de 70 pesquisadores associados, da USP e diversas outras Instituições do Brasil e exterior, mais 100 bolsas de estudo, de graduação à pós-doutorado, e muitas instituições parceiras no Brasil e exterior”.

Ainda segundo Maurício Cherubin, o grupo de pesquisadores tem avançando nesta frente de pesquisa, disseminação e inovação. “Nosso objetivo é atuar nas três frentes, buscando desenvolver soluções que ajudem o Brasil a reduzir as emissões de gases do efeito estufa e aumentar o sequestro de C na vegetação e no solo, tornando os ecossistemas (naturais e agrícolas) mais produtivos, sustentáveis e resilientes”, disse ele.

Para os pesquisadores do CCARBON/USP,o desafio para os próximos anos será fazer face ao aumento da frequência de eventos climáticos extremos, como secas, cheias e outras adversidades naturais face à baixa resiliência dos sistemas naturais e agrícolas, ao mesmo tempo que se promove a transição para novas tecnologias agropecuárias e processos produtivos cada vez mais sustentáveis. Por isso, a adoção de boas práticas de manejo do solo e estratégias de uso sustentável da terra podem não apenas aumentar o sequestro de carbono, mas também reduzir significativamente as emissões de gases do efeito estufa para a atmosfera e, ao mesmo tempo, melhoram a saúde do solo e a resiliência de sistemas agropecuários.

Conheça os produtos já desenvolvidos.

Como exemplo do trabalho desenvolvido no CCARBON, o professor Cherubin destaca alguns avanços do Centro na área de saúde do solo:

Desenvolvimento do KIT SOHMA uma ferramenta portátil, barata e simples de usar para avaliações da saúde do solo diretamente no campo.

Elaboração do primeiro mapa de saúde do solo da América Latina e Caribe, unindo expertises de sensoriamento remoto, processamento de dados, machine learning e saúde do solo.

Avanços nos estudos de campo para comprovar a importância das práticas de agricultura regenerativa para melhorar a saúde do solo e assim, promover o aumento da produtividade e resiliência dos sistemas de produção.

Estruturação a Brazilian Soil Health Partnership, uma aliança nacional com 50 pesquisadores de todas as regiões do país, criada com o objetivo de promover a agenda de saúde do solo no Brasil.

O detalhamento dos projetos e frentes de atuação do CCARBON podem ser conferidos no site, e nas redes sociais do centro.

Matéria produzida a partir de informações do Jornal da USP