A ciência do solo brasileira se destacou no evento promovido virtualmente pela FAO em parceria com o Global Soil Partnership (GSP) o Intergovernmental Technical Panel on Soils (ITPS), a Global Soil Biodiversity Initiative (GSBI) e a Science-Policy Interface of the United Nations Convention to Combat Desertification (SPI UNCCD), entre os dias 19 e 23 de abril. O Global Symposium on Soil Biodiversity teve como objetivo preencher lacunas críticas de conhecimento, identificar soluções escalonáveis para desafios globais por meio da maior biodiversidade do solo e promover discussão entre formuladores de políticas, produtores de alimentos, cientistas, profissionais e outras partes interessadas em soluções para viver em harmonia com a natureza
Cinco brasileiros atuaram como palestrantes e outros três como coordenadores que conduziram os trabalhos de sessões sobre biodiversidade do solo. Além disso, o trabalho “Comparison between soil biodiversity at Rio da Garça (degraded watershed) and Ribeirão Arrependido (preserved watershed) de autoria de Oswaldo Julio Vischi Filho, Oscar Y. Kanno, Raul B. Penteado, Roberto M. Arabori , João Flávio B. Caldas , Jorge A. Quiessi , Marcelo B. Camargo , Edna A. M. Scachetti, da Unicamp, foi eleito o terceiro melhor em um concurso de pôsteres científicos sobre a biodiversidade do solo que foram votados pelos participantes durante o Simpósio.
Um total de 21 palestrantes renomados, com foco em “Como as políticas e evidências científicas podem ser traduzidas em ações concretas para reduzir a perda de biodiversidade do solo”, estimularam as oito horas de sessões plenárias e seis sessões paralelas que enfocaram o estado do conhecimento sobre a biodiversidade do solo por meio de 96 apresentações e discussões interativas.
O Simpósio reuniu mais de 5.000 participantes de mais de 160 países com representantes de governos, cientistas e profissionais que trabalham em áreas relacionadas, ONGs, sociedade civil, povos indígenas, comunidades locais e usuários da terra. Além disso, o simpósio chamou atenção especial para o trabalho do setor privado na agricultura sustentável e no desenvolvimento de tecnologias relacionadas ao solo.
Nos vários painéis de discussão se enfatizou a necessidade de preencher as lacunas de conhecimento e aumentar a conscientização sobre a importância da biodiversidade do solo. Também foi consenso a necessidade de se estabelecer o Observatório Global da Biodiversidade do Solo e sua Rede Técnica de Biodiversidade do Solo. Além disso, o Simpósio abriu caminho para a execução do Plano de Implementação “Iniciativa Internacional para a Conservação e Uso Sustentável da Biodiversidade do Solo”, com o objetivo de aumentar a mobilização de recursos e o investimento na melhoria da saúde do solo.
Durante o simpósio, Laura Bertha Reyes, Presidente da União Internacional de Ciência do Solo (IUSS), apresentou um novo livro para crianças intitulado “O Mundo Mágico da Biodiversidade do Solo”. Uma colaboração entre a FAO e a IUSS, o livro contém uma coleção de dez histórias infantis de todo o mundo.
Na sessão de encerramento, o Prof. Rattan Lal, vencedor do Prêmio Mundial de Alimentos de 2020, enfatizou que “Este é o momento de uma mudança de paradigma e da constatação de que a saúde do solo, das plantas, dos animais, das pessoas e do meio ambiente é uma e indivisível, e que a Revolução Verde do século 21 deve ser baseada no solo, no ecossistema e no conhecimento, ao invés de impulsionada pelo aumento de insumos”. A estratégia é produzir mais alimentos com menos terra e água, usando menos fertilizantes, pesticidas e energia e com menos emissões de gases de efeito estufa, para que possamos economizar recursos para a natureza e a biodiversidade, acrescentou. Para finalizar, Lal enfatizou que restaurar a saúde do solo é essencial e crítico para colocar de volta os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
As conclusões do simpósio e o caminho a seguir serão publicados no documento final “Mantenha o solo vivo, proteja a biodiversidade do solo” que destacará a importância da biodiversidade do solo não apenas para a produção de alimentos, mas para aumentar os benefícios para todos. O documento incluirá soluções baseadas na biodiversidade para desafios globais, bem-estar humano, saúde e alimentação nutricional e novas descobertas medicinais, incluindo a descoberta de novos antibióticos, relatou o Cientista do Solo da FAO e Secretário da Global Soil Partnership Ronald Vargas, na sessão de encerramento.
Os solos são um dos principais reservatórios globais de biodiversidade. Eles hospedam mais de 25% do suprimento mundial desse valioso recurso, de onde 95% dos alimentos que comemos são produzidos. Além disso, mais de 40% dos organismos vivos em ecossistemas terrestres estão conectados aos solos durante seu ciclo de vida.
Orgulhosa, a SBCS parabeniza aos organizadores, palestrantes e participantes pelo evento, especialmente aos associados da SBCS que tanto honram a nossa ciência do solo.
(Texto original produzido pelo professor Arnaldo Colozzi, diretor da Divisão 2 da SBCS- Processos e Propriedades do Solo)
